terça-feira, 25 de fevereiro de 2014



Olá a tod@s!


Segue abaixo a lista d@s selecionad@s para o Vértice Brasil 2014 - Em residência.

Lembramos que a confirmação da inscrição se dará com o pagamento da taxa e primeira parcela (ou parcela única) referente à hospedagem até o dia 05 de março. Aquel@s que não efetuarem o pagamento no prazo estipulado perderão a vaga, que será disponibilizada para os suplentes, por ordem de chamada. Por isso, muita atenção nas datas. 

Em breve entraremos em contato para maiores informações sobre a programação e também sobre especificidades acerca das residências.

Bem vind@s!!!


Residência HACKERS DE GÊNERO - Clara Lee Lundberg

Adriana Patrícia dos Santos (Drica Santos)
Elisa Schmidt
Justina Andrighetti
Letícia Castilho
Pâmella de Caprio Villanova
Stela Fischer
Suzi Daiane da Silva
Valéria de Oliveira
Veronica Barreto Jaffe
Débora Zamarioli
Maria Betânia Silveira
Priscila de Azevedo Souza Mesquita
Sabrina Valente Ramos
Amanda Castelhano Figueira
Fernanda Magalhães
Ana Karina Barbieri Marques
Mariana do Nascimento Pinhata
Ariane Elisa Andrade de Moraes
Bárbara Bessa
Isabella Amaral Soares

Suplentes
1. Amanda Marcondes
2. Maria Clara Villela Benitez
3. Oriana Del Mar Salcedo


Residência  A VOZ É SEMPRE UM SONHO - Linda Wise

Ângela Finardi
Daiane Dordete
Elisza Peressoni Ribeiro
Isabella Azevedo Irlandini
Lara Matos
Liliana Marcela Curcio (Lily Curcio)
Christine de Melo Valença
Luiz Naim Haddad (Luiz Canoa)
Magarida Baird
Massimiliano Buldrini
Rosa Maria Carlos e Silva (Rosa Carlos)
Sandra Regina Baron
Laura Carla Franchi dos Santos
Fernanda Letícia Dall`Oglio Zamoner
Karen Debértolis
Nara Keiserman
Mariana Rotili da Silveira
Paula Noelia Cianfagna
Joice Rodrigues de Lima
Aline Barth

Suplentes
1. Lidiane de Lima Cunha
2. Monique Cibelle das Neves
3. Ana Ribeiro Grossi Araújo
4. Marcel Henrique Rosa Machado
5. Gabriela Silveira de Andrade
6. Camila Ribeiro Rodrigues


Residência DEVANEIOS DA INTIMIDADE - Raquel, Ana Cristina e Naomi (LUME)

Monalisa Theodoro Machado
Paula Telles D'Ajello
Potyra Najara Borba
Fabiana Lazzari
Vanderléia Will
Raquel Stupp
Sandra Knoll
Beatriz Alonso
Michelle Maria Racy
Andréa de Almeida Rosa
Camila Barssotti Fontes
Rachel Trambaioli Machado
Thais Helena D'Abronzo
Poliana Savegnago da Silva
Luisa Bahia da Fonseca Silva
Jennifer Jacomini de Jesus
Marina Dias Jorge
Ana Paula Grigoli
Romina Noelia Sanchez
Telma Helena dos Santos

Suplentes
1. Ana Márcia Antunes Borges
2. Maria Marta Baião Seba
3. Fao Miranda

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014



ENCUENTROS

por Eugenia Cano*


“Ella es mi mujer, éstos son mis hijos y esta es tu casa, puedes venir aquí cuando extrañes a tu familia”, esas fueron las palabras de bienvenida que me dio mi maestro, MPS Asan en Kerala, India, el primer día que fui a su casa a tomar clase de Kathakali. Sin duda, conocer a mi maestro es uno de los encuentros más importantes que he tenido. ¿Qué hizo que este encuentro fuera así? Ya había tomado clases con muchas personas, ya tenía varios años haciendo teatro, tenía como 27 años de edad. ¿Qué hace que un encuentro sea contundente? Generalmente los encuentros te los pone la vida pero cuanto tú organizas el encuentro de varias personas, ¿qué debemos hacer o qué debemos tomar en cuenta para que resulte positivo?

Nuevamente me acuerdo de mi maestro, no es la persona más culta que conozco, ni el mejor actor, entonces ¿qué me marcó en mi encuentro con él? De entrada que el encuentro duró cuatro años, donde hubo muchas horas de clase, mucha paciencia de su parte, muchas ganas de la mía. Días y días para que yo aprendiera una pequeña escena pues me costaba mucho trabajo aprender los textos por el idioma. Así pasaron esos años de enseñanza, pero no solo fueron clases, también  platicamos mucho, comí en su casa infinidad de veces, su esposa me hacía un dulce para mi cumpleaños, me recibían en las fiestas de la familia como a un miembro más y sin embargo somos muy distintos, mi maestro y yo somos muy distintos y ambos lo sabemos pero nunca importó, siempre fui su alumna, me trató como a una hija y me dejó ir. Sé que es una historia ideal pero ¿qué hacer cuando solo tenemos diez días para lograr un encuentro? Una técnica teatral no se aprende en diez días, es difícil en un taller de 40 horas llegar a un cambio real, entonces ¿qué hacer? Si bien con mi maestro pasé cuatro años, ¿qué es lo más importante que me legó? Sin duda, un enorme respeto al trabajo y una comprensión muy grande entre los dos en el entendimiento que somos distintos, tal vez mucho, pero el teatro nos hizo compartir algo más importante: nuestra humanidad. Por eso creo que los encuentros contundentes o positivos son aquellos que nos permiten compartir nuestra naturaleza, donde nos sentimos incluid@s, donde nos sentimos parte de un grupo.






 * Eugenia Cano é de Guanajuato, México. Participou do Vértice Brasil em 2010, com o espetáculo infantil Alas de Mariposa. É diretora e atriz da companhia de teatro Kalipatos. http://kalipatos.com/

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

 

Récita – tudo aquilo que chama a atenção, atrai e prende o olhar


por Barbara Biscaro


A cada estreia de um novo espetáculo, fica a sensação de nascimento e morte. Nascimento de algo novo, um pedaço de você que surge a partir de um processo intenso e transformador, que desloca algo que parecia encaixado e que agora deve se re-configurar no corpo. Eu, particularmente, não vejo sentido em fazer teatro que não seja para se transformar. As possibilidades que o trabalho com o teatro oferece de potencializar aquelas coisas que nunca surgiriam se não fossem provocadas, mexidas, questionadas sempre me fascinou. O movimento é o principio de tudo: de um corpo/voz que se desloca no espaço, de uma ideia/sensação que surgiu um dia quase banalmente e se configura como mundo, lente para ver a realidade.
 
Por outro lado, não acredito em teatro que deseja mudar o público: o espectador sente aquilo que sente, que deseja, vê e ouve aquilo que pode. Sim, ver um espetáculo pode mudar a vida de alguém. Mas se não mudou a visão de mundo do ator em cena primeiro, se não deslocou o corpo e as sensações desse ator para lugares ainda não explorados, aí as possibilidades de comunicação se tornam diferentes – nem melhores, nem piores – apenas diferentes.
 
O processo de construção do Récita – tudo aquilo que chama a atenção, atrai e prende o olhar foi e tem sido um privilégio, como artista-criadora. Do meu desejo inicial, diversas pessoas embarcaram comigo em uma exploração de coisas que eu também desconhecia. A parceria de cena e musical com Fernando Bresolin me ensinou muito. Só um vínculo de confiança pode ligar dois atores-musicistas em cena, e esse vínculo foi profundamente respeitado e cultivado desde o início. Das primeiras tentativas de encaixar o repertório de Weill e Brecht na formação para voz e violino até o amadurecimento musical que conquistamos nessa estréia, foram meses de trabalho – muitas vezes um trabalho sutil – pois para nós não bastava somente acertar as notas ou o andamento: contar, comentar, rir um do outro, dançar, surpreender-se, mover um ao outro, tudo isso deveria estar contido em cada trecho de música vivida. Pois diferente da ideia de execução musical - na qual aparenta que a música está de um lado e o musicista a executa, do outro lado, para nós, essa experiência deslocada tão comum na música não poderia servir – tinha que ser música vivida mesmo, entranhada na pele, mesmo se em muitos momentos nos deparamos com as limitações técnicas da voz e do violino.
 
A construção visual do espetáculo concebida por Roberto Gorgati suscitou e vem suscitando diversas imagens: precário, empobrecido, sintético, decadente. O universo das duas figuras em cena deveria evocar a decadência e o grotesco inspirados nas figuras dos mendigos produzidos por Mr. Peachum (A ópera dos três vinténs – Weill/Brecht 1928), personagem de Brecht que fabricava mendigos para ganharem a vida em Londres, ganhando uma devida comissão como ‘agenciador’ a miséria alheia.  Questionar a estética do belo no universo da música clássica, do universo das divas (e divos) e do poder social/cultural que a música erudita inspira era uma das metas da pesquisa – tendo como ponto de partida as canções de Brecht e Weill, que já contém em si esses universos paradoxais. Da aparente simplicidade que se vê em cena, uma complexidade crítica foi tecida por trás, alimentando o vazio da cena. A elaboração se deu através do tempo, dos materiais, dos atores – sem a fabricação da decadência, Gorgati buscou no simples e na síntese os elementos para compor a visualidade da cena.
 
O processo de preparação corporal veio de um desejo antigo de concretizar uma parceria com a atriz Claudia Sachs. O universo do melodrama, do cômico e do grotesco foi construído através de sua condução, dando o devido espaço para que a loucura pudesse ocupar a cena. O tempo do jogo, a construção da relação, o desenho do corpo no espaço, tudo isso foi sendo construído em sala de ensaio, com uma condução rigorosa e generosa. Cláudia semeou aquela centelha de loucura que faltava para definitivamente pularmos da mera execução musical para habitar uma cena povoada de passado, presente e futuro. Descobrimos um mundo juntos, e esse mundo além de decadente e cruel, era lírico, delicado, amoroso e limítrofe – nos limites entre a vida e a morte, entre o banimento e a acolhida, entre a solidão e o outro que nos sustenta.
 
Explorar os limites entre a música e o teatro, desde sempre tem sido minha pesquisa.  A voz cantada e falada em cena, para mim, deve ser não uma questão meramente técnica: deve ser uma entrega, um desejo, uma busca. A imersão no universo do grotesco trouxe descobertas técnicas e estéticas importantes no campo da criação vocal: como contar uma história, como transbordar a voz para que o jogo possa ser mais forte do que a técnica. Como lidar tecnicamente com questões como o apoio vocal ou a afinação imersa em um jogo contínuo, que não dá tempo para ser pensado, apenas sentido, compartilhado.
 
Além disso, mergulhamos em um universo no qual a voz e o violino teimam em caminhar para bem longe da cultura das salas de concerto: sonoridade de vagabundos e errantes, de artistas de rua, a voz e o violino estão presentes em diversas culturas populares que usam de um virtuosismo errante para cantar suas desventuras. A sonoridade, se por um lado ainda virtuosa (volumosa, aguda), prima não pela perfeição do timbre ou pela constância: prima mais ainda pela comunicação, pelo desvelamento da alma – criando novas formas de virtuosismo. Brecht e Weill entraram nessa mistura como os elementos agregadores: criando um universo em comum e uma geografia do grotesco, com suas cidades imaginárias e seus personagens de moral e costumes duvidosos, o espetáculo busca na forma épica uma dramaturgia que não prioriza a condução de uma história ou a linearidade, mas sim, a capacidade de mergulho em cada canção e o modo de transitar das figuras em cena na condução dessas experiências – cada canção encerra um mundo, e mostrar que esse mundo é inventado é uma das funções das figuras. É o recital de música muito teatral, é o teatro em que a música é presente demais: é uma récita deslocada, fronteiriça, estranha.
 
A sensação de morte fica por conta da certeza que uma estréia desencadeia um novo processo: para fora da sala de ensaio, em contato com o público, o espetáculo começa uma nova história. Para longe da sensação de conforto ou de lógica que o processo desencadeia, permanecer em cartaz, fazer o espetáculo ter vida longa e manter todos os elementos que fizeram do processo vivo e pulsante é um desafio e um prazer como artista.