quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A BREVIDADE DA VIDA

Gláucia Grigolo
28/10/2013


Quando eu era criança, achava que seria velha aos trinta. Quando cheguei aos trinta, achei que estava jovem. Roubei do livro “A ciranda das mulheres sábias”, de Clarissa Pinkola Estés, um trecho que adoro e falo em cena:  aprendi que a vida é uma: ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem. Quando uma pessoa vive de verdade, todas as outras também vivem.
 
Hoje Silvana Abreu se foi. Mais uma constatação de que a vida é uma só, e é breve. Não há uma segunda chance. Não há como prever o fim. A sabedoria está em saber aproveitar o tempo, para fazer dele o melhor. O melhor tempo do mundo. O melhor tempo da minha vida. O melhor lugar da minha vida no meu tempo.
 
Para Clarissa, a mulher sábia é a mulher velha, que tem as marcas da sabedoria em seu corpo. Que não esconde as escolhas que fez, que não nega que o tempo imprimiu outras texturas.
Então a velha que mora dentro da jovem é aquela que traz consigo a maturidade e serenidade. Que transforma as experiências e aprende a dançar.
 
Estou entrando no quinto setênio, aprendendo a dançar outras melodias. Sempre nutri o desejo de fazer um espetáculo solo. Estar sozinha no palco tinha um significado de maturidade e coragem, disciplina e respeito. O desejo se fortaleceu pelas escolhas que fiz em minha vida pessoal, pelos encontros do caminho, pelas parcerias antes não vislumbradas.
 
Compreendi que os movimentos trazem felicidade quando nos deixamos dançar, reconhecendo que somos responsáveis por todos os nossos processos. E que quando menos se espera, a vida nos dá provas de que é assim mesmo, finita. E é isso que importa, de verdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário